quinta-feira, 23 de junho de 2016

Carona solidária é alternativa para vida sustentável

Projetos implantados em instituições e universidades ajudam a preservar o meio ambiente, fugir da rotina e encontrar amigos




Reportagem: Caroline Momma, Thaiany Osório e Thays Cristine


Com o inchaço nas cidades e o grande número de carros circulando nas ruas, a população está cada vez mais preocupada com o meio ambiente. Em maio deste ano, a prefeitura de Curitiba divulgou os dados de emissão de gás carbônico (CO2) referentes à 2012 e 2013. Longe do ideal, o transporte é responsável por 75% dessa emissão. Esse dado revela o quanto a locomoção dos curitibanos custa caro para o meio ambiente. Uma solução possível é a carona solidária, que além de uma medida ecológica, estimula o contato entre as pessoas.




O IPPUC, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, tem uma série de medidas contra a emissão de gás carbônico e outros poluentes. O plano de ação surgiu após a realização da “pegada de carbono”, um projeto que busca fazer um inventário dos gases estufas dentro do instituto. Nessa pesquisa foi identificado que, anualmente, cada pessoa gera, em média, 1,2 toneladas de carbono para realizar suas atividades dentro do IPPUC. Outro dado alarmante, foi que, metade dessas emissões são causadas pelo deslocamento dos funcionários. A carona solidária, além de diminuir esses gases, procura transformar a cultura do uso do carro individual praticada pela maioria dos servidores.
O projeto funciona a partir de um mapa que indica as rotas que podem ser compartilhadas por quem adere ao projeto, e conta com uma vaga exclusiva para os caroneiros. A política interna do IPPUC não permite que casais ou pessoas sozinhas estacionem na vaga. Em junho, a iniciativa completou um ano e, segundo a funcionária e engenheira ambiental Karin Gomes, ele é importante poque promove a interação entre os colegas “tem muita gente que trabalha no andar de cima mas não sabe quem trabalha no andar de baixo. Dessa forma, queremos estimular que as pessoas conversem,  se telefonem, combinem as rotas”, diz.
De acordo com boletins sustentáveis, a carona solidária, em conjunto com outras medidas que têm como objetivo poupar, repensar e reutilizar, diminuíram consideravelmente a quantidade de gases poluentes emitidas pelo instituto. Karin avalia positivamente o projeto a visa, futuramente, ampliar o número de vagas destinada aos caroneiros “teve bastante gente que se adaptou e aderiu à carona, mudou os hábitos. Regularmente recebemos o pedido para novas vagas”, declara.
No campi politécnico a situação é diferente. Enquanto o IPPUC possui cerca de 200 funcionários, o politécnico conta com aproximadamente 10 mil pessoas entre alunos, professores e servidores. O sistema de caronas é coordenado por alunos e orientado pelo professor Jorge Thiago Bastos. Na semana piloto em 2011 — ano de lançamento — o estudante que deu início ao projeto, Rafael Fusco, conseguiu reunir 900 pessoas. Depois do início promissor, o projeto perdeu força, passando por um período de hiato. Esse ano, cinco estudantes estão a frente da nova proposta, que tem início previsto para os primeiros meses de 2017.


  
Caroneiro tem vaga especial garantida no IPPUC.
Fonte: Site da prefeitura - Foto: Lucilia Guimarães
Atualmente, o estacionamento possui apenas dois pontos de carona. “O sistema pensado inicialmente não era prático. Para resolver isso, estamos pensando em algo mais dinâmico, que facilite o processo”, conta Artur Bacilla, um dos idealizadores. A reestruturação do “Carona solidária C7” é aberto a formação de novas parcerias, tanto com os que querem participar, como para os que querem aderir as caronas “basta ter pró-atividade e vontade de contribuir positivamente”, reforça Eduardo Burmann.
Quanto aos benefícios de projetos como esse na universidade, Burmann conta que, além da diminuição de carros circulando no campi, as caronas proporcionam interação entre as pessoas. Esse era um objetivo também visado lá em 2011, por Rafael Fusco. Uma das propostas deste ano é a construção de mais pontos de carona, espalhados pelo Centro Politécnico, além de uma proposta de expandi-lo a todos os campi da Federal. 

 
Ponto de carona solidária conta com duas vagas no Centro Politécnico e é pintado de verde para identificação. Foto: Divulgação

Decom
O campi de Comunicação Social da UFPR está localizado em frente ao IPPUC e, assim como o Instituto, possui potencial para a implantação de um esquema de carona solidária. Apesar de ser bem menor que o politécnico, o número de carros é considerável e os alunos circulam diariamente pelo prédio.
Em uma pesquisa realizada com os alunos de graduação do campi, que obteve 54 respostas, constatou-se que 63% já pegou carona e apenas 42% já ofereceu, seja indo para a faculdade ou voltando para casa e terminais.
Em uma pesquisa realizada com os alunos de graduação do campi, que obteve 54 respostas, constatou-se que 63% já pegou carona e apenas 42% já ofereceu, seja indo para a faculdade ou voltando para casa e terminais.
Quando questionados sobre a implantação de um projeto de carona solidária, a maioria dos alunos reagiu positivamente. Afinal, as vantagens não são somente ambientais. Ao pensar na carona solidária, existe o conforto de um automóvel particular, relacionamento pessoal, oportunidade de conhecer novas pessoas, além de economizar de tempo e dinheiro. 
    “Acredito que muitas pessoas moram perto uma da outra e não sabem. Talvez sejam até pessoas dispostas a dar carona, mas que não oferecem porque achariam estranho se não fossem próximos da outra pessoa.”

    “Acho que seria [vantajoso], pois muita gente mora perto dos colegas e poderia esquematizar caronas, para utilizar menos carros e economizar em combustíveis.”

    “Acredito que um ponto não, pois o fluxo de pessoas é pequeno, faria muito mais sentido um aplicativo, ou uma planilha... Alguma forma pra que as pessoas saibam de onde vem e para onde outras vão, e que facilite o contato delas.”

    “Acredito que sim! Por sem um campus pequeno temos a vantagem que quase todo mundo se conhece, o que torna esse sistema mais seguro. Além disso, muita gente tem o horário/caminho parecido, o que facilita o funcionamento desse sistema.”

    “Mesmo sendo um campus pequenininho, mais ou menos, podemos espalhar ações solidárias por todos os lugares e poluir menos o nosso planeta! Sendo assim, qualquer medida que ligue as pessoas e ajude o meio ambiente é super válida! Além disso, nós somos um campus de comunicação social. Está mais que na hora de bolarmos umas coisas bacanas para ajudar uns aos outros, na nossa pequena floresta [apelido atribuído ao campi]! Ainda dá para economizar dinheiro e paciência, já que vamos diminuir um pouquinho a quantidade de veículos pelos arredores (e porque não na cidade toda?).”

A direção do setor procura manter um cadastro com os veículos que circulam e estacionam no campi, o objetivo é garantir a segurança dos usuários. Porém, poucos são os que registram seus veículos. No total, são cerca de 150 carros cadastrados, mas acredita-se que o número seja muito maior.








Apesar da boa receptividade, um sistema de carona solidária precisa ser planejado e organizado junto ao departamento e a coordenação do curso. Por isso, conversamos com Plínio Lopes, tesoureiro do CACOS, o Centro Acadêmico de Comunicação Social. “O mais indicado é falar com o centro acadêmico porque ele é a voz que representa os alunos. Sendo assim, pode levar as demandas para as reuniões oficiais”. O diálogo junto ao Centro Acadêmico pode facilitar os trâmites, mas o aluno pode tomar a iniciativa e conversar com a coordenação de forma independente.